A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, conhecida como CPI das Bets, ganhou novo capítulo no cenário político e midiático brasileiro. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI, apresentou o relatório final com um pedido de indiciamento de 16 pessoas, entre elas a influenciadora digital Virginia Fonseca.
A solicitação gerou ampla repercussão, pois aponta possíveis crimes ligados à promoção de sites de apostas por parte de personalidades públicas nas redes sociais. Apesar do destaque midiático, o relatório ainda depende de aprovação na comissão, o que, como se viu posteriormente, não ocorreu.
Por que Virginia Fonseca foi incluída no relatório?
Segundo reportagens da CNN Brasil, UOL e G1, o nome de Virginia Fonseca aparece entre os pedidos de indiciamento por sua suposta relação comercial com plataformas de apostas online. A relatora apontou que alguns influenciadores digitais estariam envolvidos em práticas como:
- Publicidade enganosa;
- Associação criminosa;
- Possível estelionato.
O foco da investigação foram contratos em que o pagamento de comissões estaria atrelado ao prejuízo dos usuários que apostassem via links compartilhados por influenciadores.
No caso de Virginia, ela foi chamada à CPI como testemunha, e durante o depoimento no Senado, se amparou em decisão judicial para não responder a perguntas que pudessem incriminá-la. A influenciadora afirmou que não tinha conhecimento de cláusulas que a beneficiavam com as perdas dos apostadores.
O episódio foi um dos mais comentados nas redes sociais, principalmente após Virginia ter demonstrado irritação durante a oitiva, o que, segundo ela, foi um reflexo do nervosismo. Depois, a influenciadora se desculpou pela postura.
O conteúdo do relatório final da CPI
De acordo com a senadora Soraya Thronicke, o relatório teve como objetivo dar resposta à falta de regulação no mercado de apostas online e responsabilizar os envolvidos na promoção de plataformas com possíveis práticas abusivas.
Além de Virginia Fonseca, o relatório incluiu nomes como:
- Deolane Bezerra, também influenciadora e advogada;
- Donos e representantes de sites de apostas;
- Outras figuras públicas ligadas à publicidade digital no setor.
O texto do relatório apontava que essas pessoas poderiam ter cometido infrações penais graves, como formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, estelionato e prática de jogos de azar com agravantes.
Reportagens do G1 e da BBC Brasil ressaltam que a relatora pretendia usar os dados da CPI como base para novos projetos de lei, incluindo a criação de normas mais rígidas sobre contratos de publicidade de apostas feitas por influenciadores.
Resultado da votação: relatório rejeitado
Apesar do peso das acusações, o relatório foi rejeitado pela comissão no dia 12 de junho de 2025, por 4 votos contra e 3 a favor. Votaram contra senadores que argumentaram haver falta de provas robustas para responsabilizar as figuras citadas.
Entre os argumentos utilizados pelos parlamentares contrários estavam:
- Falta de perícia nos contratos;
- Ausência de investigações paralelas da Polícia Federal que confirmassem irregularidades;
- Percepção de que alguns trechos do relatório poderiam ter viés político ou midiático.
Com isso, nenhum pedido de indiciamento foi encaminhado ao Ministério Público. A decisão dividiu opiniões: de um lado, juristas e parlamentares que defendiam mais apuração, e de outro, críticos que viam exagero e falta de base concreta nas acusações.
O que acontece agora?
Embora o relatório tenha sido rejeitado, isso não impede que órgãos como o Ministério Público ou a Receita Federal conduzam investigações independentes com base em informações da CPI.
Além disso, algumas propostas legislativas sugeridas pela relatora devem continuar em debate no Senado, como:
- Criação de um cadastro nacional de apostadores;
- Regras específicas para publicidade de jogos de azar;
- Multas e sanções mais rigorosas para influenciadores que promoverem sites não autorizados.
Virginia Fonseca, até o momento, não é alvo de investigação formal fora da CPI e segue atuando normalmente em suas redes sociais, onde mantém contratos publicitários diversos.
Conclusão
A tentativa de indiciar Virginia Fonseca e outros influenciadores digitais na CPI das Bets marcou um ponto de inflexão no debate sobre o limite entre publicidade e responsabilidade legal nas redes sociais.
Apesar da rejeição do relatório, o episódio abriu espaço para a discussão sobre a regulação de contratos de marketing digital, especialmente em setores sensíveis como o das apostas esportivas.
Enquanto influenciadores se defendem alegando que apenas divulgam serviços legais, parte do Senado e da sociedade cobra transparência, ética e responsabilidade com os consumidores, especialmente os mais jovens.
O desfecho da CPI mostra que o tema está longe de ser encerrado. A sociedade brasileira agora espera por mudanças legislativas, investigações mais técnicas e, acima de tudo, mais clareza sobre os bastidores da publicidade digital no Brasil.